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quinta-feira, 23 de julho de 2020

COMO EVITAR SER EXPLORADO PELO ORIENTADOR?

Por vezes, o estudante escolhe um tema de acordo com os seus interesses. Outras vezes, pelo contrário, aceita a sugestão do professor a quem pede que oriente a tese.

Ao sugerirem temas, os professores podem seguir dois critérios diferentes: indicar um tema que conheçam muito bem e no qual poderão facilmente seguir o aluno, ou indicar um tema que não conheçam suficientemente bem e sobre o qual quereriam saber mais. 

Diga-se desde já que, contrariamente ao que se possa pensar à primeira vista, o segundo critério é o mais honesto e generoso. O docente considera que, ao acompanhar essa tese, ele próprio será levado a alargar os seus horizontes, pois se quiser avaliar bem o estudante e ajudá-lo durante o trabalho, terá de debruçar-se sobre algo de novo. Geralmente, quando o docente escolhe esta segunda via é porque confia no candidato. E normalmente diz-lhe explicitamente que o tema também é novo para ele e que lhe interessa aprofundá-lo. Há, por outro lado, docentes que se recusam a propor teses sobre campos já muito batidos, embora a situação atual da universidade de massas contribua para moderar o rigor de muitos e para os tornar mais compreensivos. 

Há, porém, casos específicos em que o docente está a fazer um trabalho de grande fôlego para o qual tem necessidade de muitos dados, e decide utilizar os candidatos como participantes de um trabalho de equipa. Ou seja, durante um dado número de anos. Ele orienta as teses num determinado sentido. 

Se for um economista interessado na situação da indústria num certo período, orientará teses relativas a sectores particulares, com o objetivo de estabelecer um quadro completo da questão. Ora este critério é não só legítimo como cientificamente útil: o trabalho de tese contribui para uma investigação de alcance mais amplo no interesse coletivo. E isso é útil mesmo do ponto de vista didático, pois o candidato poderá servir-se dos conselhos de um docente muito informado sobre o assunto e poderá utilizar como material de fundo e de comparação as teses já elaboradas por outros estudantes sobre lemas correlativos e limítrofes. Se, depois, o candidato fizer um bom trabalho, poderá esperar uma publicação, pelo menos parcial, dos seus resultados, eventualmente no âmbito de uma obra coletiva. Há, porém, alguns inconvenientes possíveis: 

1. O docente está muito ligado ao seu lema e força o aluno que, por seu lado, não tem nenhum interesse naquela direção. O estudante torna-se então um aguadeiro, que se limita a recolher afadigadamente material que depois outros irão interpretar. Como a sua tese será uma tese modesta, sucede que depois p docente, ao elaborar o estudo definitivo, poderá utilizar uma parte do material recolhido, mas não citará o estudante, até porque não se lhe pode atribuir nenhuma ideia precisa. 

2. O docente é desonesto, faz trabalhar os estudantes, aprova-os e utiliza desabusadamente o seu trabalho como se fosse dele. Por vezes, trata-se de uma desonestidade quase de boa-fé: o docente acompanhou a tese apaixonadamente, sugeriu muitas idéias e, passado um certo tempo, já não distingue as ideias que sugeriu das que foram trazidas pelo estudante, assim como depois de uma apaixonada discussão coletiva sobre um assunto qualquer, já não conseguimos lembrar-nos de quais as idéias com que havíamos começado e quais as que adquirimos por estímulo alheio. 

Como evitar estes inconvenientes? O estudante, ao abordar um determinado docente, já terá ouvido falar dele aos seus amigos, terá contactado licenciados anteriores e terá feito uma ideia da sua correção. Terá lido livros seus e terá reparado se ele cita freqüentemente os seus colaboradores ou não. Quanto ao resto, intervém valores imponderáveis de estima e confiança. 

Também é preciso não cair na atitude neurótica de sinal contrário e considerarmo-nos plagiados sempre que alguém fala de temas semelhantes aos da nossa tese. Quem fez uma tese. digamos, sobre as relações entre o darwinismo e o lamarckismo. teve oportunidade de ver, acompanhando a literatura crítica, quantas pessoas falaram já desse tema e como há tantas idéias comuns a todos os estudiosos.Deste modo, não vejo razão para se sentir um gênio expoliado se, algum tempo depois, o docente, um seu assistente ou um colega se  ocuparem do mesmo tema. 

Por roubo de trabalho científico entende-se, sim, a utilização de dados experimentais que só podiam ter sido recolhidos fazendo essa dada experiência: a apropriação da transcrição de manuscritos raros que nunca tivessem sido transcritos antes do nosso trabalho: a utilização de dados estatísticos que ninguém tenha recolhido antes de nós, e só na condição de a fonte não ser citada (pois, uma vez a tese tornada pública, toda a gente tem o direito de a citar): a utilização de traduções, feitas por nós, de textos que nunca tenham sido traduzidos ou o tenham sido de forma diferente. 

De qualquer modo, e sem desenvolver síndromes paranoicos, o estudante deve verificar se, ao aceitar um tema de tese, fica ou não integrado num trabalho coletivo, e pensar se vale a pena fazê-lo. 

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ECO, Umberto. Como se faz uma tese. - 21ª ed. - São Paulo: Perspectiva, 2008. - (Estudos; 85).

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Normas ABNT – Regras para TCC e Monografias


As Normas ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, são assustadoras para muita gente. Você também tem dificuldade em aplicá-las? Saiba que não é assim tão difícil quanto parece. A questão é que muitas orientações sobre estas regras não oferecem clareza e objetividade, desfavorecendo assim o entendimento.

Aqui você encontrará uma síntese bastante completa destas diretrizes, atualizadas conforme a última revisão. No entanto, foi preciso dividi-las em partes para melhor explicá-las, diminuindo assim a complexidade.


Como Estruturar seu trabalho?

É importante conhecer a estrutura do trabalho monográfico. Aqui estão as partes que seu Projeto, Monografia ou Tese deve ter, conforme rege a normatização em vigor.

Mas, vale lembrar que é essencial buscar também, informações sobre as solicitações de sua Universidade, já que cada qual especifica as exigências obrigatórias a cumprir. Munido de todas as solicitações e depois de consultar seu orientador, é hora de partir para a elaboração. Abaixo, confira as normas ABNT para as divisões dos trabalhos.

PARTE 1 – Elementos Pré-textuais (Início do Trabalho)

Capa – (Elemento obrigatório)
Na Capa deve constar: o nome da Instituição, Curso, Autor, Título, Cidade e Ano. 
 Lombada- Esta é opcional. É utilizada nos casos de trabalhos encadernados.
 
Folha de rosto – (Obrigatório).
Na folha de rosto devem constar os itens: Nome do autor, Título do Trabalho, Cidade, Ano, Breve descrição do trabalho, onde deve estar incluído o objetivo e o nome do Orientador. 
Errata – Só haverá necessidade se for preciso algum tipo de correção. 
Folha de Aprovação - (Obrigatório) Nesta folha é lançada posteriormente o resultado. Nela constam os nomes do orientador e dos examinadores. 
Dedicatória – É um espaço reservado à dedicatórias. O autor do projeto deve dedicar seu trabalho.
Agradecimentos - Espaço para agradecer aos que o impulsionaram a chegar ao final do curso.
Epígrafe – É opcional nas Normas ABNT. Neste espaço o autor faz uma citação, apresentando os embasamentos feitos para seus estudos.
Resumo – Um único parágrafo de 150 à 500 palavras. Ao final devem estar escritas as palavras-chave.
Resumo em Língua Estrangeira- Abstract – Trata-se do mesmo resumo transcrito e traduzido para o inglês.

PARTE 2 – Elementos textuais
Texto- O texto deve ser dividido em 3 partes, a saber:

1. Introdução – Trata-se de um texto introdutório, onde são citados os assuntos, a justificativa e o objetivo. Saiba mais.
2. Desenvolvimento – É a parte do trabalho onde a ideia é exposta e desenvolvida. Aqui você deve tratar do assunto, detalhando. É a principal parte do projeto.
3. Conclusão – Esta parte é a finalização de todo o estudo. Aqui o tema tratado é concluído e os resultados são apresentados.

PARTE 3 – Elementos Pós-textuais
Devem constar após o texto:

Referências – Item obrigatório em qualquer obra acadêmica. Lista numerada em ordem alfabética, onde encontram-se os títulos consultados para a criação da monografia.
Anexo – É opcional. Documentos agregados à obra para fins de comprovação de dados ou ilustração.
Glossário – É um item opcional. Trata-se de uma listagem que contém as palavras desconhecidas ou de sentido obscuro, com seus significados.
Apêndice – É opcional nas Normas ABNT – São documentos agregados à obra para fins de apoio à argumentação. Nesta parte são incluídos os questionários, entrevistas, tabulação de dados, etc.
Índice - Esse elemento é opcional. Confira nosso artigo especial.

Formatação ABNT

A formatação exigida pelas Normas ABNT são:

Papel: A4 – cor branca
Fonte: Times New Roman ou Arial- tamanho 12 – cor: preta. Nas citações com mais de 3 linhas, notas de rodapé, legendas e tabelas a fonte deve ter o tamanho 10.
Itálico: Deve ser usado nas palavras de outros idiomas. Esta orientação não se aplica às expressões latinas apud e et al.
Margens: Direita e inferior: 2cm / Esquerda e superior: 3cm
Parágrafos / Espaçamento: 1,5 entre linhas;

As referências devem ser separadas umas das outras com espaçamento duplo.

Alinhamento do texto

O texto do trabalho deve estar justificado para que fique alinhado às margens esquerda e direita. Esta formatação revela uma aparência mais organizada e o escrito fica melhor distribuído.

As Normas da ABNT possibilitam a realização de um trabalho organizado e bem desenvolvido. Além da aparência padrão, é documento de entendimento universal. E agora que você já tem aqui disponível uma orientação fácil de seguir, é só começar.


terça-feira, 7 de julho de 2020

POR QUE ELABORAR UM PROJETO DE PESQUISA?

Como toda atividade racional e sistemática, a pesquisa exige que as ações desenvolvidas ao longo de seu processo sejam efetivamente planejadas. De modo geral, concebe-se o planejamento como a primeira fase da pesquisa, que envolve a formulação do problema  a especificação dos objetivos a construção de hipóteses a operacionalização de conceitos etc. Em virtude das implicações extra-científicas da pesquisa, o planejamento deve envolver também os aspectos referentes ao tempo a ser despendido na pesquisa, bem como aos recursos humanos, materiais e financeiros necessários a sua efetivação. 

A moderna concepção de planejamento, apoiada na Teoria Geral dos Sistemas, envolve quatro elementos necessários a sua compreensão: processo, eficiência, prazos e metas. Assim, nessa concepção, o planejamento da pesquisa pode ser definido como o processo sistematizado mediante o qual se pode conferir maior eficiência à investigação para em determinado prazo alcançar o conjunto das metas estabelecidas. 

O planejamento da pesquisa concretiza-se mediante a elaboração de um projeto, que é o documento explicitador das ações a serem desenvolvidas ao longo do processo de pesquisa. O projeto deve, portanto, especificar os objetivos da pesquisa, apresentar a justificativa de sua realização, definir a modalidade de pesquisa e determinar os procedimentos de coleta e análise de dados. Deve, ainda, esclarecer acerca do cronograma a ser seguido no desenvolvimento da pesquisa e proporcionar a indicação dos recursos humanos, financeiros e materiais necessários para assegurar o êxito da pesquisa. 

O projeto interessa, sobretudo, ao pesquisador e a sua equipe, já que apresenta o roteiro das ações a serem desenvolvidas ao longo da pesquisa. Interessa também a muitos outros agentes. Para quem contrata os serviços de pesquisa, o projeto constitui documento fundamental, posto que esclarece acerca do que será pesquisado e apresenta a estimativa dos custos. 

Quando se espera que determinada entidade financie uma pesquisa, o projeto é o documento requerido, pois permite saber se o empreendimento se ajusta aos critérios por ela definidos, ao mesmo tempo em que possibilita uma estimativa da relação custo/benefício. Também se poderiam arrolar entre os interessados no projeto os potenciais beneficiários de seus efeitos e os pesquisadores da mesma área. 

Alguns pesquisadores possivelmente consideram que a elaboração de um projeto, com relações minuciosas de resultados aferíveis e de atividades correlatas específicas, poderá limitar a pesquisa, tornando-a um processo mais mecanizado e menos criativo. Entretanto, a elaboração de um projeto é que possibilita, em muitos casos, esquematizar os tipos de atividades e experiências criativas. 

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GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa/Antônio Carlos Gil. - 4. ed. - São Paulo: Atlas, 2002. (p. 20, 21)